Definição e aspectos gerais

Trombose pode ser genericamente definida como a formação de um coágulo na circulação, que resulta na obstrução do fluxo de sangue para alguma parte do corpo. As tromboses podem ser venosas ou arteriais, de acordo com a parte da circulação que atingem. As tromboses arteriais são aquelas que ocorrem na circulação arterial, que transporta o sangue oxigenado nos pulmões para os tecidos. Já as tromboses venosas comprometem a parte da circulação (veias) que transporta o sangue que já deixou o oxigênio nos tecidos, de volta para os pulmões para um novo ciclo de oxigenação.

As tromboses arteriais são importantes pois representam a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Em geral elas ocorrem em regiões da circulação arterial que já se encontram parcialmente obstruídas pelo crescimento das chamadas placas de aterosclerose, que resultam da inflamação e acúmulo de colesterol na parede de algumas artérias. A aterosclerose atinge grande parte da população adulta mundial. As tromboses arteriais mais frequentes são os infartos agudos do miocárdio, os acidentes vasculares encefálicos, também conhecidos como “derrames”, e as doença arterial obstrutiva crônica, que leva a redução do fluxo sanguíneo nas extremidades dos membros inferiores. O mecanismo destas tromboses costuma ser (i) o surgimento de pequenas fissuras nas placas ateroscleróticas, que leva à ativação da coagulação na superfície destas placas e consequentemente à formação de um coágulo na parte que ainda estava desobstruída dastas artérias, ou (ii) a migração de parte de um coágulo formado em outro local para uma artéria mais estreita. Este último processo é chamado de embolia. A obstrução da circulação arterial resulta na interrupção da chegada de oxigênio para os tecidos que receberiam este sangue, levando a sofrimento agudo e morte destes tecidos em segundos a minutos, caso o fluxo não seja restabelecido ou compensado por outras vias.

Já as tromboses venosas compreendem a trombose venosa profunda (TVP) e o tromboembolismo pulmonar (TEP). Embora menos frequentes que as tromboses arteriais, estas duas condições também representam importantes causas de morbidade (em outras palavras, sequelas e limitações) e mais raramente, mortalidade. A TVP acomete preferencialmente os membros inferiores, mas pode ocorrer em qualquer parte da circulação venosa. O TEP é em geral consequência do desprendimento de um trombo formado em uma veia dos membros inferiores, e sua migração (de “carona” na circulação) até os pulmões, levando a uma obstrução aguda do fluxo sanguíneo para parte dos pulmões, falta de ar, e em casos mais graves, quedas importantes da pressão arterial.

Informações importantes aos pacientes

As informações mais importantes que os pacientes devem ter são aquelas sobre os fatores de risco para as tromboses arteriais e venosas. Para as tromboses arteriais, os principais fatores de risco são aqueles que facilitam o surgimento da aterosclerose na parede dos vasos, e incluem: diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia, sedentarimo, stress, obesidade e tabagismo. Características genéticas de cada famíia também podem aumentar o risco de aterosclerose e trombose arterial, mas ao contrário das tromboses venosas, a identidade destes genes ainda é pouco conhecida. Já no caso das tromboses venosas os fatores de risco mais importantes são: uso de estrógenos, imobilização prolongada (em viagens com mais de 6 a 8 horas ou durante internações), cirurgias ou outros tipos de trauma, qualquer tipo de câncer, obesidade e tabagismo. Há também uma tendência genética para estes casos, sendo conhecidas mutações em pelo menos 5 genes que aumentam o risco de tromboses venosas: fator V Leiden, Mutação G20210A no gene da protrombina, além de mutações nos genes que codificam a proteína C, S e a antitrombina, estes 3 último, anticoagulantes naturais. Por fim, doenças inflamatórias como a Sindrome do Anticorpo Antifosfolípide também implica em maior risco.

O que o Hemocento da Unicamp oferece para estes casos

No Hemocentro, pacientes com antecedente de tromboses venosas de nossa região são avaliados clínica e laboratorialmente para estratificação do risco de novas tromboses. Em geral estes os pacientes são encaminhados após o diagnóstico, já em uso de algum tipo de tratamento (anticoagulantes ou antiplaquetários). Com base nesta avaliação, são tomadas decisões como a necessidade de anticoagulação por mais ou menos tempo. Estas decisões levam em conta aspectos clínicos e laboratoriais do paciente. Além disso, medidas preventivas relacionadas aos fatores de risco presentes em cada paciente são discutidas e reforçadas.

Por Dr. Erich V de Paula

Cartilha para profissionais de saúde: CARTILHA – RISCO TROMBÓTICO NA POPULAÇÃO TRANSGÊNERO

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