O professor aposentado do Departamento de Patologia da Faculdade de Ciências Mèdicas, José Vassalo, faleceu no último dia 5. Formado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP), em 1980, José Vassallo especializou-se em Anatomia Patológica na Unicamp, onde cursou a residência médica. Tendo obtido o titulo de doutor em Medicina na Alemanha, pela Universidade de Münster, e realizado estágios de pós-doutoramento no Instituto de Patologia da Universidade de Kiel, Alemanha (1986); no Laboratório de Anatomia Patológica da Universidade de Paris, França (1992); e no Laboratório de Anatomia Patológica da Universidade de Toulouse, França (1992 e 2005).
Em 2001, obteve o grau de livre-docente em Patologia pelo Departamento de Anatomia Patológica da FCM, local em que atuou como professor titular, de abril de 2005 até a sua aposentadoria em 2017.
Profa. Dra. Sara Saad, atual coordenadora do Hemocentro, lamentou a grande perda:
“Conheci o Dr José Vassalo, JV, quando participávamos do encontro de residentes em Curitiba em junho de 1981. Já percorríamos os mesmos caminhos, reivindicações, valores.
Fomos nos reencontrar em Agosto de 1983 quando fomos admitidos na Unicamp em tempo parcial. E aí ficamos muito unidos em nossas viagens da santa casa até Barão Geraldo para verificar a homologação do contrato e a passagem para a RDIDP. Ambos sem receber salário ainda. Daí em diante conheci o verdadeiro JV. Super organizado. Disciplinado. Reconhecido até pelos alemães como muito rigoroso quando fez seu pós doutorado em Heidelberg. Não saía da linha nunca. Com carteira de habilitação vencida dirigindo meu Fiat vermelho, nas palavras dele eu era muito irregular. Na época ele ainda não tinha carro e acho que nem CNH.
Trabalhando lado a lado na santa casa ele me ensinou a ver biópsia de medula. E aos poucos comecei a ver seu outro lado. Super engraçado e espontâneo. Adorável, alegre, sempre falando coisas inteligentes. Inventamos de querer aproveitar as oportunidades humanísticas da Unicamp. Partimos pra cursos de pós graduação. Ana Maria Canesqui e Marcos Queiroz e muito teoria da medicina e evolução das sociedades.
Cinema, literatura e filosofia faziam parte da vida do JV e era enriquecedor sempre conversar com ele.
Fomos gestores da MD644 hemopatologia por mais de 10 anos. E foi um grande aprendizado. Além de muito divertido. Tudo era bem planejado, avaliações diárias, turmas A-D. Cola impossível. Claro que essa nossa dureza nos rendeu várias críticas das comissões. Reclamações e choros de alunos, etc. mas surpreendentemente estes mesmos alunos, no 6o ano, consideraram este módulo o melhor da disciplina.
Eu e ele assistíamos a todas as aulas e já era uma ótima oportunidade para conversarmos e planejarmos o próximo ano. JV sempre animado. Sempre arrojado.
Mais divertido ainda era discutir pesquisa. Eu sempre o consultei para as questões da medula óssea. Que competência! Sempre me mostrava caminhos que eu não tinha pensado. Nada era impossível para ele. Era meu parceiro incansável na pesquisa. Mesmo doente nos últimos meses, analisou lâminas na sua casa de nossos modelos experimentais.
Mas como qualquer pessoa grandiosa e generosa como ele era, deixou discípulos que continuarão o seu trabalho.
Ele trabalhou estreitamente com a nossa hematologia desde 1983. Participou de todas as nossas reuniões semanais até se aposentar. Sempre nos ajudando a dar os diagnósticos dos nossos doentes. Formando nossos residentes. Nossos assistentes.
Na hematologia a sua contribuição é inestimável, não só pra nós da Unicamp mas é o hemopatologista mais proeminente da América Latina e no páreo com os melhores do mundo.
JV estava sempre animado. Planejando viagens, passeios, fazendo academia. Incansável.
Que pessoa incrível! Quantas habilidades! Que falta vai nos fazer.”
